Em 6 de Julho nossa primeira Capital Farroupilha, Piratini, comemora seu aniversário de fundação. Foi nessa data em 1789 que por ordem da rainha Dona Maria I o governo imperial fundou o Capão Grande de Piratinim¹ após uma permuta de terras com José Antônio Alves.

A nova “cidade” foi constituída por 48 lotes de igual tamanho, aproximadamente 250ha cada. Os referidos lotes foram distribuídos a 48 casais vindos dos Açores com a obrigação de residirem e trabalharem na nova localidade.

Após chegar a seu novo lar, os açorianos construíram a capela Nossa Senhora da Conceição, conhecida hoje também por Capela dos Casais, que até hoje segue sendo a padroeira da cidade.

O tempo passa, e em 1835 quando estavam sendo concluídas as obras da Igreja Matriz começa a Revolução. Os habitantes da localidade obviamente atendem o chamado da Pátria e defendem a causa Farrapa.

Entre os acontecimentos que ocorreram na região podemos salientar a ocupação da vila pelos Farroupilhas em 8 de outubro, e a chegada do General Netto, em 12 de dezembro para a nomeação de Chefe da Legião de Guardas Nacionais da Comarca.

Devido a sua posição estratégica, a cidade fica a uma distância segura de Porto Alegre e Rio Grande (dois grandes portos que eram controlados pelos brasileiros), desde o início da revolução Piratini já servia de abrigo aos republicanos.

Então já era de se esperar que em 5 de novembro de 1836, após a proclamação da República², a Câmara Municipal de Piratini aderisse ao novo regime, e sob a presidência de Vicente Lucas de Oliveira declara-se: Província em Estado Livre.

Quando se tornou capital da República Rio-Grandense Piratini chegou a receber o título de Mui Leal e Patriótica Cidade de Nossa Senhora da Conceição de Piratinim.

Porém em 1838, com o aumento cada vez maior de tropas imperiais em Rio Grande e Pelotas, Piratini já não oferecia mais segurança suficiente para sustentar a Capital de um país em guerra.

Surge então à necessidade de alterar pela primeira vez o local da Capital Farroupilha como já contamos neste link.

Em 1º Março 1845, o mesmo dia do mentiroso Tratado de Ponche Verde, o governo imperial de forma covarde e vingativa, por meio de um ato imperial, rebaixa Piratini à categoria de Vila. Este ato segundo alguns historiadores foi decisivo para o declínio do município. Não podemos esquecer também o descaso e perseguição política que o governo da província teve com Piratini.

O império ainda fez mais. Desmembrou o território da outrora Capital Farroupilha como espólios de guerra, assim surgiram os municípios de Bagé, Canguçu, Cerrito e Pinheiro Machado.

Mesmo com toda essa repressão a cidade ainda conservou algumas construções históricas, entre elas o Museu Histórico Farroupilha, a Igreja Nossa Senhora da Conceição, o Palácio da República Rio Grandense entre outros.

Então comemore Piratinense, mais do que celebrar a fundação da cidade, comemore por desde a sua origem ser um povo Forte, Aguerrido e Bravo.

Gabriel Tessis
@bagual35
Patrão do Piquete Grêmio do Prata

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1 – Em Tupi-Guarani significa peixe barulhento, era também a designação dada ao curso da água que corta a localidade.

2 – A República Rio-Grandense foi proclamada nos campos do Seival em 11 de Setembro de 1836 pelo General Antônio de Souza Netto.

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