Foi em 07/02/1756 que morreu em batalha um dos primeiros ícones Rio-Grandenses, ou como diria o escritor Mansueto Bernardi, o Primeiro Caudilho,
Sepé Tiarajú.

Mas antes de falar de Sepé temos que voltar um pouco na história, mais especificamente no que motivou a revolta dos Sete Povos das Missões. Falemos do Tratado de Madrid.

Em 1750 os reis de Portugal e Espanha, João V e Fernando VI, respectiva­mente, assinaram um tratado fazendo uma nova divisão das terras do continente sul-americano. A divisão era a seguinte: o império português trocaria com os espanhóis a Colônia do Sacramento, localizada à margem esquerda do Rio da Prata, pela região conhecida como Sete Povos das Missões localizada em nosso território, hoje compreendida pelas cidades de: São Borja, São Luiz Gonzaga, São Nicolau, São Miguel das Missões, São Lourenço das Missões, Entre-Ijuís e Santo Ângelo. Para piorar a situação tal tratado previa que além da troca dos territórios, fossem também removidos os povos, ou seja, os índios deveriam se mudar para as novas terras.

Tal tratado gerou muita indignação nos povos missioneiros, que capitaneados por Sepé Tiarajú, que ocupava o cargo de Corregedor Geral, uma espécie de Prefeito da época, começaram a revolta.

Porém o estopim final foi à descoberta de um artigo específico no tratado. Os índios deveriam deixar suas terras, lavouras, edificações e igrejas sem receber nenhum Escudo (moeda da época) em troca. Poderiam levar apenas suas armas e seus bens móveis e semimóveis.

Inconformados com tal absurdo, os índios das reduções jesuíticas declararam guerra ao império português. Tal guerra foi denominada como as Guerras Guaraníticas e teve duração de 2 anos, começando em 1754 e com término em 10/02/1756.

Sepé foi ferido e morreu em 07/02/1756, segundo historiadores, o Caudilho “morreu em pé”, lutando por sua terra.

Três dias após sua morte os exércitos portugueses e espanhóis juntos dizimaram mais de 1500 índios no que posteriormente ficou conhecido como Massacre de Caibaté. Hoje, a Cruz de Caravaca, ou Cruz de Lorena para os franceses, ou Cruz Missioneira, demarca o local do massacre que fica localizado na cidade de São Gabriel.

Sem seus líderes, os poucos índios sobreviventes acabaram sendo deslocados para as novas terras no hoje território uruguaio.

Mesmo tendo morrido há muitos anos atrás a frase de Sepé Tiarajú continua viva em nossa cultura: “Coy Yvy Oguereco Yara!”. Essa Terra Tem Dono!

Gabriel Tessis
Patrão do Piquete Grêmio do Prata

 

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7 respostas a “O Primeiro Caudilho”

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