O ano era 1803, o dia 25 de maio. Foi nesta data que nasceu o General Antônio de Souza Netto, um dos grandes nomes da Revolução Farroupilha.

Mas antes de relembrar alguns de seus feitos, inclusive o que ocasionou a Independência de nossa Pátria, contemos um pouco dos anos iniciais deste grande Gaúcho.
Netto nasceu na estância de seu pai, José de Souza Netto, em Capão Seco, distrito de Povo Novo, hoje cidade de Rio Grande e estudou na Freguesia de São Francisco de Paula, atualmente Pelotas. Já adulto foi morar em Bagé tornando-se estancieiro. Durante este tempo dedicou-se à compra e venda de gado e seu hobby, a criação de cavalos para corridas (ou parilheiros para cancha reta).

Como comerciante de gado, criador e desportista (carreirista), percorreu o Rio Grande e o Uruguai atuais, onde estabeleceu largo círculo de amizades e despertou admiração.¹

Entre os anos de 1825 a 1828 participou da guerra Cisplatina onde foi nomeado capitão de Milícias e mais tarde capitão da Guarda Nacional. Durante esta época conheceu Bento Gonçalves por quem criou uma amizade e admiração. Na mesma guerra, foi um dos principais responsáveis pela proteção da junção do Exército do Sul, no arroio Lexiguana, em 5 de fevereiro de 1827, que aí se interpôs entre Alvear, em Bagé, e os principais centros do Rio Grande bem como na própria Batalha do passo do Rosário, de 20 de fevereiro de 1827, em que coube-lhe comandar a Ala Direita do Exército do Sul e cobrir a retirada para o passo São Lourenço, no Jacuí.¹

Em 1835, início da Revolução Farroupilha, Netto tinha 32 anos, seu posto na época era o de comandante do Corpo da Guarda Nacional do Piratini. Porém, graças ao seu aguerrimento e suas espetaculares manobras táticas, logo chegou ao posto de general.

A sua principal vitória obviamente foi no Seival, batalha que acabou ocasionando a Proclamação da República Rio-Grandense no dia seguinte.

A história sobre a heróica vitória Farroupilha encontra-se neste link, lembraremos aqui apenas uma frase que o general disse a seus comandados no dia: “Camaradas, não quero ouvir um tiro mais… À carga, à espada e lança!”²

Por esses e outros bravos atos ele foi inclusive nomeado interinamente Comandante – em – Chefe do exército Farroupilha, quando seu amigo e Presidente da República, Bento Gonçalves da Silva estava preso na Bahia após a derrota em Fanfa.

Por discordar com o fim da Revolução e por consequência a reanexação da República Rio-Grandense ao império brasileiro, o general vai morar no Uruguai.

Na Banda Oriental novamente cultivou a vida de estancieiro constituindo família, retornando ao Rio Grande apenas na guerra do Paraguai.

Com 63 anos, ferido por uma bala supostamente envenenada, que até hoje não se sabe se foi disparada pelos paraguaios ou pelos brasileiros, que sempre temeram que ele se revoltasse novamente contra o império, morre em 1º de julho de 1866 o general Antônio de Souza Netto.

Como última vontade, Netto pede para que seus restos mortais sejam postos em seu mausoléu construído em Bagé.

As palavras de Caldeira, um cronista da Revolução resumem quem foi este homem:

Netto, este oficial era um dos mais bem apessoados que havia na República Rio-Grandenses. Era um dos fiéis amigos que Bento Gonçalves tinha nas nossas fileiras. Antes da revolução tinha o posto de capitão da Guarda Nacional. Era um dos valentes daquele tempo e dava muita importância ao homem valente. Conquanto não fosse muito estratégico, sabia fazer a guerra (tático). Era um bom general de Cavalaria, no que diferia de Bento Gonçalves que sabia manobrar um Exército composto de três armas. Netto era prudente, atencioso, de bom trato e muito estimado. Foi um dos primeiros que Bento Gonçalves contou para fazer a revolução e foi dos últimos que dela se retirou. Isto é retirou-se quando foi assinada a Paz de Ponche Verde (1º de março de 1845). Felizmente salvou-se da cilada de Porongos. Foi ele que sustentou a Revolução na ausência de Bento Gonçalves e a quem o inimigo sempre respeitou.

Foi o general que soube desempenhar o seu posto com muita honra e denodo. Atacava o inimigo indo à frente de sua coluna de espada em punho. Era general muito resoluto na ocasião do ataque. Era senhor da espada, muito alto e apessoado, muito reservado, sério e reflexivo. Amigo de seus amigos. Ele era um herói!³ 

Gabriel Tessis
@bagual35
Patrão do Piquete Grêmio do Prata

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1 – Transcrito do livro: Exército Farrapo e os seus Chefes Vol.1 – Claudio Moreira Bento – 1992

2 – Transcrito do Livro: Bagé e a Revolução Farroupilha – Tarcisio Antonio Costa Taborda- – 1985.

3 – Transcrito do livro: Apontamentos da Revolução Farroupilha – Caldeira – 1927

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3 respostas a “O Proclamador da nossa República”

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