Há 17 anos, o mundo assistia incrédulo, o que acontecia num estádio de futebol, em Pernambuco. Ninguém entendia, como um time com sete homens em campo, poderia ter tamanha capacidade de reação. Sofrer tanto e ainda sim sair vencedor. Enfrentar um calor escaldante e milhares de torcedores exaltados. A hostilidade dos dirigentes do Náutico e das forças de segurança. Um vestiário apertado e com odor forte de tinta. Uma arbitragem nervosa, dois pênaltis contra e três expulsões. Um cenário amedrontador e bélico. Mas não para Grêmio.
No último sábado, dia 26 de novembro, comemoramos uma data inesquecível. Em 2005, protagonizamos uma façanha digna de roteiro de filme épico. Um fato que virou coluna de jornal, pauta de programas de rádio, tema de palestras motivacionais e que foi eternizado em documentários. Tanto no país como no exterior. A famosa Batalha dos Aflitos.
Até hoje, me lembro da nossa angústia. Até o gol redentor do então garoto prodígio Anderson. Gremistas com os olhos cheios de lágrimas e tentando assimilar esse bombardeio de emoções. Pessoas correndo sem direção pelas ruas, outras ajoelhadas rezando ou gritando enlouquecidas para o mundo escutar. Para os desavisados, a cena de um filme apocalíptico. Para nós, um momento de desabafo e agradecimento. A manifestação suprema desse sentimento tão intenso que é o Gremismo.
Desde então, passaram-se os anos e voltamos a erguer a Copa do Brasil e a Libertadores. Mesmo assim, há quase duas décadas, ainda fizemos questão de reviver o marcante 26 de Novembro. Mas porque isso?
Porque foi o reencontro com os valores e princípios que escreveram a nossa história. Recuperamos a nossa essência de clube destemido e inconformado com o resultado. Um Grêmio que compete, que luta e que não desiste. Um Grêmio forte, aguerrido e bravo. Até o fim.
Um verdadeiro conjunto de diretrizes para o ano de 2023. No próximo ano, esperamos responsabilidade com as finanças e com o complexo patrimonial da instituição. A adoção de uma política de valorização, estímulo e fidelização do quadro social. Mas, dentro de campo, a implementação de uma postura condizente com o que foi feito lá na Batalha dos Aflitos. Conectada com os anseios do torcedor. Isso, antes de tudo.
Queremos comprometimento, entrega e atitude dentro de campo. O mesmo da comissão técnica e dirigentes no suporte. Porque é assim que tem que ser quem veste o manto das três cores. Um Grêmio de alma gaúcha e platina que seja capaz de proporcionar coisas incríveis como em 2005.
O Grêmio do Prata permanecerá exercendo o seu papel como sempre fez. Interessado, propositivo e atuante. Vamos apoiar, mas continuamos vigilantes. Juntos para o que der e vier.
Éderson Moisés Käfer,
Sócio do Grêmio e integrante do Grêmio do Prata