Era inverno de 1994, férias escolares, o coração a mil, porque recém tínhamos transitado entre a tristeza e a alegria, com a perda do maior ídolo do automobilismo internacional, Ayrton Senna, num acidente, em Ímola-Itália, e com a comemoração, em solo norte-americano, do tetra campeonato mundial da seleção brasileira.
Além dessas fortes emoções, o Grêmio estava em mais uma final da Copa do Brasil, após deixar para trás adversários como o Criciúma/SC, o Corinthians/SP, o Vitória/BA e o Vasco da Gama/RJ.
O adversário seria o Ceará que, ao longo da Copa, atropelara adversários tradicionais, como o Inter/RS e o forte e milionário Palmeiras/SP da patrocinadora multinacional Parmalat.
No primeiro jogo, no Castelão lotado, em Fortaleza, o Grêmio logrou um empate, após jogo truncado, trazendo, 3 dias depois, a decisão para Porto Alegre/RS.
Em 10 de Agosto, numa quarta feira à noite, apoiado por mais de 50 mil torcedores gremistas apaixonados o time do então técnico tricolor, Luiz Felipe Scolari, começou avassalador, pressionando a equipe cearense, em busca da vitória que lhe daria o título. Em poucos minutos, sucessivos escanteios, até que, em cruzamento perfeito do Carlos Miguel, na primeira trave, Nildo, como um foguete, subiu mais alto que todo o sistema defensivo adversário e desferiu uma cabeçada indefensável para o experiente goleiro Chico.
O Olímpico Monumental, palco da grande final, ‘veio abaixo’. Foi uma loucura. Eu estava com meu pai, com amigos e com primos que vieram do interior gaúcho, na arquibancada inferior, exatamente, atrás da goleira que o Grêmio fizera o gol. Lembro, como se fosse hoje, a vibração, a energia, o gremismo pelo qual fomos tocados naquele momento.
Reiniciada a partida, coube ao time tricolor administrar a vitória, com força, com garra e com bravura, marcas registradas do clube gaúcho, até o apito final, para sagrar-se o primeiro bicampeão da Copa do Brasil. Aliás, de forma invicta, da mesma forma como em 1989.
Assim como acontecera, há poucos dias, com o tetra da seleção canário, a euforia tomou conta dos gremistas espalhados por todos os pagos, gaúcho, nacional e estrangeiro. A festa, na capital gaúcha, para onde fomos, transpassou ruas, avenidas, bairros por toda madrugada até o alvorecer.
Cabe salientar que, como prêmio, por essa conquista, o Grêmio disputaria a Copa Libertadores da América do ano seguinte. Competição em que viria a se sagrar bicampeão da América.
Cristiano Zucco, Integrante do Grêmio do Prata