Após muita viagem¹, no dia 25 de Julho de 1824 finalmente desembarcava a primeira leva de 38 imigrantes alemães ao seu destino final: O Porto das Telhas, no lugar chamado de Faxinal do Courita à margem esquerda do Rio dos Sinos.
Impulsionados pelos incentivos² do governo Imperial, aliado aos problemas sócio-econômicos na Europa, muitas pessoas resolveram se arriscar nessa grande aventura.
Com a organização desse primeiro núcleo europeu, retomava-se a histórica linha de desenvolvimento agrícola iniciada pelos casais açorianos que chegaram anteriormente à Província. O objetivo era de que os imigrantes aumentassem as áreas agricultáveis já existentes no Rio Grande, além disso, poderiam se dedicar também ao artesanato e a indústria.
Os novos moradores do vale além de serem agricultores eram artífices, o que acabou contribuindo para a edificação e o rápido desenvolvimento da primeira povoação.
Como se pode imaginar, os primeiros anos não foram fáceis. Entre as dificuldades enfrentadas, fora as novas condições climáticas e geográficas, houve a demora na demarcação dos lotes e empecilhos constitucionais para obter a naturalização imediata prometida pelo Império. Os primeiros colonos também tiveram problemas quanto à liberdade de culto que também fora prometida pelo Imperador.
Mesmo assim, o núcleo localizado na margem do Rio dos Sinos progrediu rapidamente, graças ao árduo trabalho de pessoas como o Dr. José Feliciano Fernandes Pinheiro³, José Tomás de Lima4 e Dr. João Daniel Hillebrand5. Graças à união destes e dos demais colonos, foi possível vencer as asperezas desse novo mundo que lhes era apresentado.
A colonização alemã, que a princípio se estabeleceu no local que hoje conhecemos por São Leopoldo, espalhou-se pelos vales do Rio dos Sinos, Caí, Taquari, Jacuí e Pardo. Uma peculiaridade é que eles raramente ultrapassavam a altitude de 300 metros, estas terras futuramente foram colonizadas pelos italianos que desembarcaram em Caxias do Sul no ano de 1875, como já comentamos em um texto anterior.
Cabe salientar que os imigrantes que hoje chamamos de alemães, eram na verdade constituídos de uma grande diversidade étnica. Eram germanos, eslavos germanizados, galos germanizados, romanos germanizados. Isto porque na época ainda não existia a Alemanha como país. A região era formada por alguns condados, ducados e principados. O que engrandece ainda mais a integração cultural que ocorreu no passado e ocorre até hoje com seus descendentes juntamente com os outros povos que habitam nossos pagos, formando uma única cultura Rio-Grandense.
Gabriel Tessis
@bagual35
Patrão do Piquete Grêmio do Prata
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1 – Inicialmente os alemães desembarcaram na capital do Império onde foram recebidos pelo Imperador e pela Imperatriz. Depois rumaram para o sul chegando no dia 18 de Julho em Porto Alegre, sendo recebidos pelo presidente da Província, José Feliciano Fernandes Pinheiro.
2 – Entre os incentivos prometidos estavam: viajar a expensas do Império, serem rapidamente naturalizados e gozar da liberdade de culto. Além da doação de um lote rural, instrumentos de trabalho, sementes e uma certa quantia em dinheiro para se estabelecer nos primeiros anos.
3 – Presidente da Província e futuro Visconde de São Leopoldo.
4 – Inspetor da nova colônia.
5 – Médico alemão que veio junto com os demais imigrantes.