Mal saiu da maternidade e já ganhou um uniforme oficial do Grêmio. Mal começou a falar e já saltava no sofá e dava gargalhadas quando via que o time de camisa tricolor marcava um gol. Mal começou a caminhar e passou a frequentar o estádio. Assim surgia mais um torcedor para se juntar aos milhares que sofrem e choram de emoção a cada partida. Quando ele cresce, porém, inicia um processo de frustração quando, através da mídia, passa a entender que não somente de amor vivem as pessoas envolvidas internamente no seu clube. Isso não o torna menos fanático, não faz com que o Grêmio perca espaço na sua vida, mas gera incômodo. Afinal, existe a possibilidade de o futebol estar sendo deixado de lado em meio a jogos políticos e de interesses? E sabendo dessa especulação, eu pergunto: até quando ele e todas as pessoas que vivem essa paixão de verdade irão simplesmente aceitar, se autossabotar? O caminho é de mão dupla, ou se submete ou luta dentro das suas possibilidades por aquilo que acredita.

Essa história é fictícia, mas ao mesmo tempo certamente descreve a vida de grande parte dos gremistas, assim como a minha. Posso ter uma visão um pouco ultrapassada ou utópica, mas ainda não consegui digerir que o futuro de um clube possa estar sempre dependendo de jogos políticos que levam em conta nada mais que interesses pessoais ou aquela tradicional troca de favores de compadre.  Claro que eu não posso incitar uma revolta generalizada, até porque há níveis diversos de engajamento e de gostos pelo futebol. Mas posso sonhar com um grupo de torcedores apaixonados se juntando por acreditarem que é possível resgatar aquele comando ‘puro’, que trata de questões que realmente importam, ou seja, tudo que envolve o futuro daquele que fez parte da sua vida desde os seus primeiros dias e, claro, irá até seus últimos suspiros.

A descrição acima sim não é uma estória, mas um resumo romântico do surgimento do Grêmio do Prata. Não vamos ser hipócritas e dizer que não se almeja o poder, mas esse poder tem um objetivo muito claro: criar um Grêmio forte, aguerrido e bravo (para nós, nossos filhos, nossos netos). E só quem é gremista sabe o que é paixão, essa gana de cantar o hino com a certeza de que “até a pé nós iremos, para o que der e vier”. Certamente não há pessoas mais indicadas para propor melhorias visando a glória. Porque o que queremos é dormir com a certeza de que estamos fazendo o que podemos para e por nosso clube, sem passar por cima de ninguém, com ética e respeitando os reais motivos dele existir: a torcida.

Não sei vocês, mas eu tenho esperança, eu acredito que chegará o dia em que conseguiremos colocar pessoas engajadas para mudar o conceito que se tem de administração do clube. Vamos deixar a politicagem para os governos. Nós queremos seriedade, vontade, amor. Nós queremos ser ouvidos, levados a sério. Nós queremos um Grêmio promissor, um Grêmio que move montanhas e que apaixona simplesmente por ser imortal.

Estefânia Martins
Torcedora do Grêmio F.B.P.A.
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3 respostas a “Até Quando?”

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