Em 24 de Fevereiro de 1839 Caçapava do Sul tornava-se oficialmente a segunda Capital da República Rio-Grandense.
A notícia foi publicada na trigésima oitava edição do jornal O Povo, de 9 de Janeiro do mesmo ano.
“O Governo ouviu o voto, que pelo órgão de algumas de vossas Câmaras Municipais, lhe tendes expressado: ele vai remover-se para Caçapava. Deste ponto mais central espera fazer melhor sentir em todo o vasto território da República os efeitos de sua ação.”¹
O deslocamento do pessoal administrativo da República, entre Piratini e Caçapava, teve início dia 14 de Fevereiro, porém, a maioria dos republicanos, inclusive o Presidente Bento Gonçalves, já despachavam da nova capital Farrapa.
Os motivos da troca da sede administrativa eram bastante evidentes, Piratini é uma cidade muito próxima de Rio Grande e Pelotas. Cidades estas que eram fortemente protegidas pelos imperiais brasileiros.
Com a divisão do exército Rio-Grandense para Santa Catarina, onde mais tarde proclamariam a República Juliana, não havia um contingente de homens necessários para garantir a segurança da nossa Capital.
A edição do jornal O Povo de 6 de Março de 1839 ainda cita outros motivos que são transcritos abaixo.
Caçapava foi preferida. Sua posição central, a salubridade de seu clima, a lealdade de seus habitantes, e a decidida e franca cooperação que sempre prestaram à santa causa da Pátria, lhes mereceu tamanha honra.
O Governo neste lugar, e no meio de tão denodados patriotas, além de ser mais segura será mais forte, sua ação será melhor sentida, mais facilmente poderá reunir seus progressivos recursos, e com maior celeridade acudir a todos os pontos mais remotos do Estado.²
Mais adiante, o jornal do mesmo dia relata a chegada de todos os Farrapos à nova Capital.
No dia 24, às cinco horas da tarde o Exmo. Presidente, acompanhado de seu Estado Maior e das autoridades locais, foi reunir-se ao Governo para assim fazer sua entrada solene na Vila, o que efetuou depois de ter cumprimentado a Sua Excelência o Senhor Ministro da Fazenda, os Magistrados, e mais empregados de todas as repartições.
A comitiva dirigiu-se ao som da música à praça principal³ onde logo a tropa fez a continência de costume, o Exmo. Sr. Presidente levado de santo entusiasmo da Pátria, rompeu vivas a Religião, ao Povo, a República e aos briosos Caçapavanos.
A noite a música andou tocando pelas ruas, e no sábado sucessivo por ser véspera do dia destinado para a proclamação da Independência e da República na Vila, houve iluminação e foguetes.²
Os primeiros meses na nova Capital foram muito proveitosos. Caçapava, inclusive, foi o local onde, pela primeira vez, executou-se o Hino Rio-Grandense com a melodia que hoje conhecemos, já contado neste link.
Porém, os tempos de glória foram se esvaindo. Com a derrocada da República Juliana, que foi libertada pelo Rio Grandenses, e com um contingente imperial cada vez maior em nosso território, não restou outra alternativa para os Republicanos que em 30 de Maio de 1840 alterar novamente a Capital da República Rio-Grandense.
Gabriel Tessis @bagual35 Patrão do Piquete Grêmio do Prata____________________________________________
1- Transcrito do jornal: O Povo – 09/01/1839 2- Transcrito do jornal: O Povo – 06/03/1839 3- Hoje praça Dr. Rubens Rosa Guedes
Agregando conhecimento… De fato, não sabia que caçapava uma vez foi capital da República e, ainda, que o hino hoje fervorosamente cantado por nós republicanos foi entoado pela primeira vez em suas terras… Grande Patrão Tessis, o homem da capivara!
Homem da capivara, que barbaridade…
Ahahahahahahaha
Parabéns, Tessis!
Valeu Gustavo!