Sem a menor sombra de dúvida no dia 05 de Julho de 1839 aconteceu um dos fatos mais impressionantes de toda a história da Revolução Farroupilha, que foi a Travessia dos Lanchões comandada pelo italiano Giuseppe Garibaldi.
Após um combate vitorioso contra o coronel imperial João Pedro de Abreu, o Mouringue, Garibaldi recebeu a incumbência do Presidente da República Rio-Grandense, Bento Gonçalves da Silva, de construir mais dois barcos. Tal tarefa foi prontamente aceita e no dia 04 de Julho de 1839 as duas novas embarcações estavam finalizadas, mas havia um problema: Como transportar as quatro embarcações que estavam na Lagoa dos Patos?
Foi então que o corsário italiano no auge dos seus 26 anos teve sua brilhante idéia, as duas menores embarcações já existentes ficariam na própria Lagoa dos Patos sob o comando de Zeferino d’Ultra, enquanto as duas maiores, recém construídas, fariam a travessia da Estância da Barra¹ até a barra do Tramandaí por terra.
Toda essa engenharia avançada para a época foi necessária devido ao fato de que as cidades de Porto Alegre, Rio Grande e São José do Norte estavam sobre o comando do Império, e certamente abateriam a esquadra Farrapa se ela passasse por perto destas localidades.
Para melhor entender a situação, e de como foi feito este transporte, extraímos um trecho do relato que Garibaldi fez em seu livro de memórias.
“Propuz então que se construíssem duas carretas d’um tamanho e solidez necessários para collocar em cada uma d’ellas um lanchão, devendo-se atrellar a cada carreta o numero de cavallos e bois sufficientes para as poderem puxar.
A minha proposta foi adoptada, e fui encarregado de lhe dar execução.
Pensando então maduramente n’este projecto, fiz-lhe as seguintes modificações.
Mandei construir por um hábil carpinteiro chamado Abreu, oito enormes rodas de uma solidez a toda a prova para poderem sustentar o extraordinário peso que deviam supportar.
N’uma das extremidades da lagoa – a que é opposta ao Rio Grande – isto é, ao noroeste, existe no fundo de um barranco um pequeno ribeiro que corre da Lagôa dos Patos à Lagôa Tramandaí, para a qual tractavamos de transportas os dois lanchões.
Fiz descer a este barranco um dos nossos carros, depois levantamos o lanchão até que aquelle estivesse em cima do carro. Cem bois mansos foram atrellados, e vi então com grande satisfação o maior dos nossos lanchões caminhar como se fosse uma penna.
O segundo carro desceu por sua vez, e, como no primeiro, obtivemos um êxito feliz.
Os habitantes gozaram então d’um espectaculo curioso e desusado, isto é, verem dois navios em cima de duas carretas e puxados por duzentos bois, atravessarem cincoenta e quatro milhas, isto é, dezoito légua, sem a menor difficuldade, sem o mais pequeno incidente.
Chegados à margem da Lagôa Tramandaí, os lanchões foram deitados ao mar do mesmo modo por que tinham sido embarcados. Necessitavam de alguns pequenos reparos, que no fim de três dias estavam concluídos.²”
Foi então, que no dia 15 de Julho de 1839 as duas embarcações, Seival e Farroupilha, se dirigiram para o Brasil, mais especificamente para Santa Catarina, no intuito de libertar o povo catarinense dos jugos do Império, que dias mais tarde ocasionou na proclamação da República Juliana.
Gabriel Tessis
@bagual35
Patrão do Piquete Grêmio do Prata
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1 – A Estância da Barra era de propriedade de Dona Antônia, irmã de Bento Gonçalves e ficava localizada em Arroio Grande na Lagoa dos Patos.
2 – Transcrito do Livro: Memórias de José Garibaldi Traduzido por Alexandre Dumas -1915
Sou integrante de um Grupo de Escoteiros do Mar com o nome de SEIVAL!Vou utilizar esse texto para contar a história do Lanchão SEIVAL para as crianças do Grupo!!!
Gostaria que tu nos ajudasse para conseguir esse materiail para termos no acervo:
Memórias de José Garibaldi Traduzido por Alexandre Dumas -1915
Um forte abraço!
Primeiramente parabéns por este trabalho de resgaste histórico da nossa cultura, entretanto gostaria de fazer uma pequena colaboração a construção dos Barcos ocorreram realmente na Estancia da Barra mas a mesma se localiza no distrito da Pacheca município de Camaquã RS, as margens da lagoa dos Patos e nas barrancas do Rio Camaquã.
Abraço.
Julliano Machado.