Em 25 de setembro de 1977, interromper a sequência de oito títulos consecutivos do maior rival.
Depois de 3 turnos e 33 jogos, Grêmio e Inter finalmente começaram a decidir o Campeonato Gaúcho de 1977. Começaram e terminaram, porque o tricolor tinha a vantagem de precisar apenas de dois dos quatro pontos disputados nas finais, ou seja, bastavam dois empates ou uma simples vitória para garantir a título. Mas mesmo com todo este retrospecto favorável, não foi fácil.
O Grêmio sofreu para confirmar a sua melhor campanha no campo, mas as dificuldades começaram antes do apito inicial, já que o tricolor foi para a decisão sem o zagueiro Ancheta, um dos grandes zagueiros da história do clube (e do futebol sul-americano) que havia se lesionado no jogo anterior, contra o Juventude.
Dentro de campo o Grêmio teve a oportunidade de abrir o placar aos 25 minutos do primeiro com um pênalti assinalado a seu favor.
Tarciso, que viria a se tornar o jogador que mais vezes vestiu a camisa tricolor desperdiçou um pênalti. Ele, um centroavante transformado em ponta pelo técnico Telê Santana e que jamais tinha perdido uma penalidade na carreira, naquela tarde hesitou na frente do goleiro Benítez e mandou para fora a chance de colocar o Grêmio à frente no placar.
Mas o elenco tricolor estava predestinado a “virar” a gangorra Gre-Nal naquela tarde e toda a luta e entrega seria recompensada ainda no primeiro tempo, quando, aos 42 minutos, em uma saída de bola errada de Caçapava, a bola chegou no meio-campista Iúra, livre pelo “miolo”, como disse o narrador Celestino Valenzuela.
O camisa 10 gremista encontrou André Catimba às costas do colorado Marinho Peres. O centroavante tricolor que era dúvida para o jogo devido a dores musculares entrou em velocidade na área colorada e chutou com perfeição no ângulo direito da trave defendida por Benítez. Na comemoração, o baiano saltou para a imortalidade, em cena que entrou para a história do clássico e que se tornaria símbolo da conquista gremista.
Acostumado a dar saltos mortais em comemorações de gol, o atacante tentou o movimento acrobático. No meio da execução, no entanto, sentiu a antiga lesão puxar a virilha. Caiu estirado no gramado, se contorcendo todo, enquanto os colegas e a torcida vibravam.
– Eu vim numa velocidade muito estúpida. Quando dei um impulso para dar um salto mortal, senti o rasgão. Eu estava na altura de um travessão e quis voltar, mas fui de cara no chão. Era uma dor muito forte.
Por coincidência, a partida seria interrompida no mesmo minuto do gol, mas na segunda etapa. Aos 42 minutos do segundo tempo, após o árbitro assinalar uma infração de jogo, torcedores do Grêmio ansiosos pelo apito final começaram a invadir o campo.
Um mar azul tomou conta do gramado do Olímpico.
A partida estava interrompida. E não mais recomeçaria. No vestiário, os jogadores do Inter alegaram que não mais tinham condições de atuar, e a decisão foi dada como encerrada. Iniciou então o carnaval tricolor que contou inclusive com um emocionado Gilberto Gil, amigo pessoal convidado pelo centroavante André Catimba no vestiário.
Para muitos, a final do Campeonato Gaúcho de 1977 foi o início para dias melhores no Grêmio. Foi a partir da reestruturação que possibilitou esta conquista que o Tricolor deu um salto como clube. Virou gigante, passou a acreditar e ganhou o Brasil, a América e o Mundo!
A campanha vitoriosa
34 jogos
26 vitórias
5 empates
3 derrotas
70 gols marcados
9 gols sofridos
Decisão do Campeonato Gaúcho de 1977
Ficha técnica Grêmio 1×0 Internacional.
Local: Estádio Olímpico
Data: 25/09/1977.
Grêmio: Corbo; Eurico, Cassiá, Oberdan e Ladinho; Victor Hugo, Tadeu Ricci, Iúra (Vílson) e Tarciso; André Catimba (Alcindo) e Éder. Técnico: Telê Santana.
Internacional: Benitez; Beretta (Jair), Marinho, Gardel e Vacaria; Caçapava, Batista, Escurinho e Valdomiro; Luizinho e Santos (Dadá Maravilha). Técnico: Carlos Gainete.
Árbitro: Luiz Torres.
Gol: André Catimba, aos 42 minutos do primeiro tempo.
Leandro Webster, Integrante do Grêmio do Prata
@leandrowebster