Você pode escolher ser lembrado como herói ou vilão. Alguns transcendem este paradoxo e se tornam lendas. Existem aqueles que a gente nunca viu correr, defender, armar, atacar, treinar ou gerenciar. Mesmo assim, sabemos que foram extraordinários pelo legado que deixaram. Quem nunca ouviu falar do argentino Alfredo Di Stéfano e do húngaro Ferenc Puskás?
O mundo também conheceu protagonistas na história do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Somos um clube privilegiado por termos exemplos que fizeram sucesso como jogador e treinador. É sinal de que existe a perpetuação de uma cultura. Nesse contexto, a coluna de hoje é dedicada ao gaúcho Oswaldo Azzarini Rolla, o Foguinho.
Um dos maiores personagens da nossa história procurou viver intensamente. Definitivamente, era um homem à frente do seu tempo. Registros informam que praticava natação e halterofilismo quando jovem. Mais tarde, como jogador, o homem dos cabelos ruivos virou um dedicado meia armador. Narrativas destacam que era muito participativo na construção de chances de gol. Além disso, exibia vocação goleadora, aproveitando seu potente chute de perna esquerda. Foguinho era obstinado pelo aperfeiçoamento e, para tanto, inventou de treinar à noite no Estádio da Baixada. Tamanha era a sua aplicação que foi um dos entusiastas da instalação de refletores na nossa primeira casa. Já imaginou os “mimados” de hoje em dia pedindo isso?
Como treinador foi o grande incentivador do futebol de força, vigor físico e organização tática no Rio Grande do Sul. Acreditava que o empenho poderia neutralizar a técnica. Buscou equilibrar o preparo físico com talento num período em que não se falava em alto rendimento. Registros observam que fazia os jogadores subirem e descerem correndo as arquibancadas do Estádio Olímpico. Fico imaginando e me pergunto. Como será que isso seria visto hoje?
As façanhas de um mito
Rolla nasceu no dia 13 de setembro de 1909 e faleceu no dia 27 de outubro de 1996. Viveu e faleceu em Porto Alegre.
Jogou no Grêmio entre 1928 e 1942, período em que, marcou 116 gols e conquistou 10 títulos (Estaduais e Citadinos). Continua sendo um dos maiores artilheiros da história do Tricolor. Foguinho atuou no inesquecível Grenal Farroupilha disputado em 22 de setembro de 1935. O clássico marcou o centenário da Revolução Farroupilha. O jogo terminou com vitória do Grêmio por 2 a 0 no Estádio da Baixada. Foguinho jogou com figuras emblemáticas da nossa história como o goleiro Eurico Lara e o atacante Luís Carvalho.
Rolla treinou o clube entre 1955 e 1961. Além disso, teve mais uma passagem na casamata gremista em 1976. No período, conquistou 9 títulos (Estaduais e Citadinos). Entre 1958 e 1960, treinou um dos melhores esquadrões da nossa história, comandando nomes como Airton Pavilhão, Gessy, Alcindo o “Bugre Xucro” e Juarez o “Tanque”. Rolla continua sendo o técnico que mais treinou o clube com 378 jogos. Ele chegou a treinar outras equipes gaúchas, no entanto, o seu grande amor era o Grêmio.
Rolla também exerceu as funções de árbitro de futebol e comentarista de futebol da Rádio Gaúcha. Mas o seu legado como jogador e treinador são imortais. Um homem que escolheu não passar desapercebido enquanto viveu entre nós.
Éderson Moisés Käfer
Sócio Arquibancada e integrante do Grêmio do Prata