Quando o Grêmio venceu o Coritiba na capital paranaense por 1×0 com gol do Zinho, garantindo presença em mais uma final de Copa do Brasil, falei com meu pai que estava assistindo comigo: “essa Copa é nossa!”

No dia da venda dos ingressos para a final no jogo de ida no Estádio Olímpico, estava lá na fila desde às 10h próximo as piscinas na Carlos Barbosa. A bilheteria abria às 14 horas da sexta-feira anterior ao jogo. Depois de horas na fila, comprei meu ingresso de arquibancada. E naquele momento, após comprar ingresso e voltar para casa, pensei seriamente em me associar ao clube, o que fiz, poucos anos depois.

Domingo 10/07/2001, almoço cedo e vou sozinho para o jogo, pois meu pai já não frequentava mais o Olímpico e não tinha amigos para ir junto, mas não me importava se sozinho ou acompanhado, o importante para mim era estar nessa final seja como for. Fui um dos primeiros a entrar no estádio, sentei bem ao lado do portão 13 no meio da arquibancada esperando aquele jogo que parecia uma eternidade para começar. Então, chega às 16 horas e começa o jogo esperado. Grêmio x Corinthians eram os dois melhores elencos naquele ano e o Olímpico estava completamente lotado. Como todo jogo de final, a tensão era grande e os dois times se respeitando. No final do 1º tempo, o artilheiro do Corinthians chuta, a bola desvia no Marinho e engana nosso goleiro. No início do segundo tempo, o centroavante paulista marca o segundo do time visitante criando uma tensão grande no estádio, pois foi uma ducha de água fria. Mas logo em seguida, Luis Mário descontou, incendiando o Olímpico de uma forma monstruosa jogando o time de São Paulo para dentro de sua área. O mesmo Luis Mário chuta de fora da área e empata o jogo com uma falha do goleiro adversário. Empate parecia bom devido as circunstâncias, mas o Grêmio seguiu pressionando o adversário e quase vira no final do jogo. Mas o jogo termina em 2×2 e fica tudo para domingo seguinte no estádio do Morumbi.

Uma semana depois, lá estava o Grêmio contra tudo e todos. Imprensa do centro do país e um estádio completamente lotado. Naquela época tinha gol qualificado na final, o que não existe mais nas finais de hoje.

Começa o jogo e o Grêmio de forma surpreendente comanda o jogo como se estivesse em casa. Chances claras de gol para o Tricolor de forma seguida e o time paulista sequer ameaçava. O Tricolor pressionava mas não convertia em gol, pois precisava por que o placar de qualquer empate em 0x0 ou até 1×1 dava o título ao Corinthians. Aos 42 minutos, Marinho sobe e abre o placar. Lembro como se fosse hoje, assistindo na sala de casa com meu pai, minha irmã e meu falecido avô. O time paulista esboça uma reação mas não adiantou, fim do 1º tempo e vantagem do Grêmio.

No intervalo, o narrador número 1 da emissora que transmitia o jogo disse: “podem anotar, o Corinthians não vai ser o mesmo apático do primeiro tempo.” Realmente não foi, foi pior. Começa o segundo tempo e o Grêmio faz 2×0 dando um banho de bola no freguês paulista. Era o gol que estava praticamente encaminhando o Tetra Campeonato do Grêmio. Seguia o jogo e cada vez mais o Tricolor tinha chances claras de gol, deixando todos os secadores do RS e do centro do país desnorteados com o baile que o Corinthians estava levando numa final de campeonato. Mas num descuido, o Corinthians diminui entrando novamente no jogo. Mas não adiantou, o Grêmio com Marcelinho Paraíba numa jogada espetacular liquida os paulistas e o Grêmio ergue pela quarta vez o título da Copa do Brasil calando mais uma vez um estádio lotado fora de casa (o que não é para qualquer um).

Passado a entrega das medalhas e do troféu erguido pelo capitão Zinho na época, todos em casa felizes pelo título assistindo pela TV e meu pai com um sorriso disse: “vamos para a Goethe?!” Eu, um guri de 17 anos na época, acostumado com títulos e vitórias disse: “Não, estou cansado de comemorar Copa do Brasil, vou deixar para ir numa Libertadores”. Mesmo meu pai e minha irmã insistindo, fiquei em casa e pela rua. Até hoje lembro meu pai me olhando, pegando minha irmã pela mão e saindo pela porta de casa para comemorar. Me arrependo todos os dias por isso. Não imaginava que o clube passaria tanto tempo sem conquistas grandes.

Quando o encerrou a partida entre Grêmio x Cruzeiro na Arena, lembrei novamente dessa cena que não sai da minha cabeça. Mas dessa vez será diferente. Não sei se o Grêmio vai ganhar do Atlético-MG, pois é um grande time, mas tenho absoluta certeza, que se o Grêmio conquistar o Penta Campeonato, vou tomar o maior trago da minha vida com meu pai. Essa nostalgia precisa acabar.

2001-taca

Denis Almeida

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