Este relato tem por objetivo firmar uma breve posição sobre como deveríamos ter procedido antes de propor a realização da Copa do Mundo no Brasil, bem como citar as consequências de um plano não tão bem elaborado. Farei uma análise subjetiva e pessoal no que se refere aos aspectos que os agentes políticos e administrativos deveriam diagnosticar como passo inicial para a proposição da realização de um megaevento no país. Também tentarei demonstrar no decorrer do desenvolvimento do assunto o que considero de suma importância na realização de um projeto para um megaevento dessa magnitude no país.

Considerando, que estamos em um país, em desenvolvimento, onde a carência de infraestrutura é notória, e que poderia com esse megaevento ser uma grande oportunidade de melhorar as condições instaladas, bem como aquecer a economia por via de consequência dos investimentos a serem alocados de uma maneira imediata, ou seja, mais rápido do que viria normalmente e sem dúvida, por esse fato, podemos constatar que haveria um ganho em relação a capacidade de infraestrutura disponível, derivando assim um ganho para a população como um todo. Nessa mesma linha de raciocínio, temos que diagnosticar como a população se beneficiaria e qual o percentual dela que é realmente beneficiada. Temos que mensurar também, como está as condições sócio econômicas do povo. Nesse prisma teremos que ter um objetivo final; o que queremos para o nosso país? Para o nosso povo? Queremos proporcionar entretenimento, visibilidade externa para incrementar o turismo, ou teremos que optar por sanear as atividades que dizem respeito as necessidades básicas ou fisiológicas da população, como uma melhor capacidade de prontos atendimentos de saúde educação e transporte urbano coletivo adequado e digno.

Considerando que o Brasil não tem infraestrutura adequada de transporte nem de saúde, que são necessidades urgentes, considerando ainda as más condições de educação da população, bem como, das condições de aprendizagem é de péssimo resultado, portanto de difícil solução no aspecto de resolução dos gargalos, só serão saneadas ao longo prazo, mas as medidas deveriam ser tomadas no curtíssimo prazo. Considerando que as necessidades de recursos para satisfazer essas demandas macro, são muito altas, e os recursos são escassos. Considerando que a infraestrutura pode melhorar parte dessas necessidades mas a um custo muito alto e que não vai sanear a maioria dos problemas atuais. Considerando que o descaso diário dos serviços públicos e a alta carga tributaria que é imposta não atende as necessidades dos governos diante das demandas da população, isso tudo, faz com que as pessoas fiquem com suas necessidades básicas sempre nos limites dos orçamentos domésticos, não criando uma pulverização das poupanças populares, facilitando a concentração de renda, que dificulta ainda mais a boa ambiência social e econômica. Considerando que os transportes são mal projetados e é privilegiado o transporte rodoviário em detrimento do ferroviário, fazendo com que o chamado custo Brasil passe a ser um fator muito relevante a ser analisado na realização de um megaevento, e por outro lado, os empregos criados nas obras que são necessárias para a realização dos jogos, somados aos materiais usados e a estrutura a ser utilizada para viabilização do megaevento trarão uma série de benefícios, que embora seja dirigido a setores bem situados, podem favorecer negócios futuros e também criar oportunidades de negócios em função de demandas exacerbadas e diferente daquilo que se tem atualmente instalado. Com todos esses fatores descritos, essa mensuração pode até ser viabilizada, mas certamente não saberemos mensurar o resultado futuro que poderemos ter em função da agregação dos valores aplicados no país, e na percepção dos agentes econômicos no aproveitamento das oportunidades surgidas. Certamente vai proporcionar ao Brasil, uma visibilidade internacional que pode sempre, de acordo com o que for apresentando por ocasião do megaevento, proporcionar uma melhora nas relações internacionais, melhorando a demanda turística, e abrindo novas fronteiras para produtos e serviços, além de atrair investimentos em áreas vulneráveis que o mercado vier a visibilizar.

Portanto podemos constatar que o impacto econômico e social é muito grande nas comunidades envolvidas, e que o que fica como legado as vezes não interessa a maioria das comunidades ou não é de determinada importância para a melhora nas condições de vida dessas. Eu diria que o preço a ser pago as vezes não é interessante, mas pode ser de muito interesse para certas parcelas das comunidades.

O Legado Positivo é sempre exaltado pelos governos que propõe o megaevento enquanto que o Legado Negativo é sempre omitido ou as vezes relegado a segundo plano na análise conjuntural do governante. Portanto, no Brasil, a Copa do Mundo de Futebol não foi bem planejada, bem como, não foi feito uma análise profunda do que temos e o que teríamos que fazer para diminuir ao máximo o legado negativo e, com isso, viabilizar o evento como um grande legado ao povo que é o senhor de tudo em uma nação. Se tivéssemos condições de fazer a infraestrutura necessária, se tivéssemos resolvidos os gargalos sociais e econômicos do povo brasileiro, poderíamos sim fazer um projeto que agregasse valor tanto social como econômico.

Com a exposição feita, posso concluir que por mais importante que seja os benefícios que o megaevento venha trazer, ou venha a somar, temos que analisar qual o benefício perene no aspecto social e esse legado não compete como necessidade básica ou fisiológica da população.

Quando não se tem a infraestrutura básica, não é relevante fazer um megaevento, e na minha opinião, deve-se buscar sempre as condições sócio econômicas básicas de uma população e depois seguir buscando outras necessidades que de acordo com a Teoria das Necessidades Humanas de Maslow, venham a suprir as demandas estabelecidas.

Portanto, concluo que deveríamos sim, ter feito uma melhor análise da real situação da ambiência econômica geral e fazer um programa que contemplasse no tempo adequado as condições básicas descritas acima como requisitos para a realização desse megaevento.

César Augusto Rotta

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4 respostas a “Para quem é o legado?”

  • A análise deve e pode ser mais aprofundada. Uma coisa que dou uma leve discordada na questão de recursos. São escassos? Nem tanto, pois o nosso maior inimigo é a corrupção e isso é que faz nossos recursos tornarem-se escassos. Só os políticos são corruptos? NÂO, empresários é quem começam com a cooptação, logo são responsáveis diretos (e sabemos das manobras utilizadas). Outra: não que eu esteja a favor da copa do mundo, pelo contrário, questiono e não que eu também seja contra, mas vejamos demais eventos culturais e que são bancados pelo poder público também (carnaval, acampamento farroupilha, festa da uva, réveillons, etc.) e que são realizadas periodicamente e nem trazem tanto retorno assim, será que se essas não fossem realizadas não teríamos mais recursos para saúde e educação, como foi colocado aqui diante da priorização de recursos frente a copa do mundo que é a segunda vez que está sendo realizada aqui no país? Deixo esse contraponto para reflexão.

    • Prezado Moreira, como o BERGTER EDITOU A MATERIA e por sinal muito bem editado, ficou resumida mas tenho a informar que sou sim a favor da realização da copa no BRASIL mas desde que sanamos nossos gargalos economicos e principalmente social no que se refere as necessidades básicas do povo. pois desde os ramanos é assim dar o pão e o circo para continuar imperando e cobrando os impostos, mas desde os ramanos, quando dominavam um povo tinham de dar as necessidades de sobrevivência para que não se revoltassem contra o império.
      Cesar Rotta
      No caso do BRASIL um plano de dez anos poderia resolver em muito esses gargalos portanto na minha opinião a copa poderia ser realizada aqui no ano de 2026.
      quanto a outras festas populares só tenho a acrescentar que a festa da Uva é uma empresa privada, que tem diretoria e arrecada o ano inteiro e os governos ( federal, Estadual e municipal investe na infraestrutura perene da festa e não no custeio, que é todo ele custeado pela própria festa e seus organizadores.
      só para esclarecer melhor a questão.

  • O Brasil tratou de esculhambar com a Copa, é lamentável um evento desta magnitude com tanta desorganização. Não era contra a Copa, eu penso que o esporte ou a cultura fazem parte da sociedade, é inerente ao ser humano, porém o próprio ser humano tratou de quebrar o encanto.
    O Brasil tem condições de sediar uma Copa do Mundo e de fazer política pública, basta ter organização, não ter corrupção e mais humanidade…

    • Certamente companheiro patta, embora isso no BRASIL É MUITO DIFÍCIL DE ACONTECER, MAS COMO GENTE COMO NÓS DO PRATA QUE TEMOS IDEAL E AINDA ACREDITAMOS NAS PESSOAS SÉRIAS E DE BOA VONTADE, poderemos manter esperança em um pais melhor, como nossa ambiência politica é da esfera esportiva e em específico no GREMIO seguimos em frente pois há muito que ser feito em prol da boa pratica politica.

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