Quando Fábio Koff voltou para o Grêmio em dezembro/1992, iniciou-se um período onde ver o Tricolor decidindo grandes competições era rotina; foram três anos consecutivos na final da Copa do Brasil (1993, 1994 e 1995), Libertadores e Mundial (1995), Recopa e Brasileirão em 1996 e até o legado de Koff, que no primeiro ano sem ele, deu a Copa do Brasil em 1997. Foram anos de uma unidade fantástica entre a Direção e a Comissão Técnica. Década extremamente vitoriosa.
Pois esta semana que encerrou, fecharam 20 anos do bicampeonato brasileiro, um encerramento dourado para Luíz Felipe e Adílson, o Capitão América, ambos seguiram para o Japão, após a conquista daquele Dezembro.
Havia também Paulo Paixão, preparador físico desde 1993, ou seja, participou de todo o período de Koff.
Uma das características mais marcantes dessa Dupla (Luíz Felipe/Paixão): o pragmatismo era visto mesmo com formações diferentes no time e nesta última conquista de Brasileirão ficou bem evidente. O Tricolor chegou em 6º (pois garantiu classificação com 3 rodadas de antecedência e preservou titulares) entre os 8 classificados para os mata-matas. Incrivelmente, a 8ª colocada era a Portuguesa, os dois que decidiram o campeonato.
Em 15 de Dezembro, o Olímpico estava botando gente pelo ladrão. O Grêmio precisava devolver os 2 a 0 sofridos no meio da semana, para assim, conquistar o título pela melhor campanha.
A Lusa era a “namoradinha do Brasil” (motivo de uma discussão de Luíz Felipe com o Jornalista Armando Nogueira), só os Gremistas torceriam para o Grêmio naquela tarde, mas o Tricolor ganharia o bi, assim estava escrito; só não sabíamos que seria um sufoco de quase noventa minutos. A impressão da vitória se corporificou logo aos 2min25seg, quando Paulo Nunes abriu o marcador, consignando o seu 16º gol, que lhe concedeu o topo da artilharia, juntamente com Renaldo, avante do Atlético/MG.
Luíz Felipe utilizou na decisão: Danrlei; Arce, Rivarola (Luciano), Mauro Galvão e Roger; Dinho (Aílton – 34min30seg do 2ºT), Luíz Carlos Goiano, Émerson (Zé Afonso) e Carlos Miguel; Paulo Nunes e Zé Alcino. Adílson estava suspenso pelo terceiro cartão amarelo. Dinho virou o capitão na decisão.
A Portuguesa de Desportos do técnico Candinho: Clemer; Valmir, Émerson, César e Carlos Roberto (Flávio); Capitão, Gallo, Caio e Zé Roberto; Alex Alves e Rodrigo Fabri.
A Lusa era muito forte (chegaria nas semifinais dos Brasileirões 1997/1998), pois contava com um time jovem e entrosado com destaques para César, Zé Roberto, Alex Alves e Rodrigo Fabri, todos com passagem pela Seleção na continuidade de suas carreiras, mais Caio, ex-Grêmio (1990 – 1993).
Com o primeiro tempo encerrado em 1 a 0. A esperança se renovava para a etapa final, afinal, bastava fazer um “golzinho” apenas. Porém, o tempo foi passando e o Grêmio nervoso e absolutamente controlado pelo time paulistano tornava a partida dramática. As situações de gol eram pífias.
O volante Dinho chegou à beira do gramado e disse para o técnico Luíz Felipe:
— Professor, estou exausto. Não aguento mais. Bota o Aílton no meu lugar.
Aos 39min35seg, já com Aílton no lugar de Dinho e o desânimo batendo, Carlos Miguel teve espaço para olhar o posicionamento dos avantes; levantou para Zé Afonso, ele subiu e impediu que a rebatida de cabeça de César fosse forte, na verdade, ele cabeceou “enforcado” e o destro Aílton acertou um balaço de esquerda, que entrou no lado esquerdo de Clemer. Um gol para enlouquecer de vez o Olímpico: 2 a 0.
Assistiram a partida 54.112 pessoas; Márcio Rezende de Freitas, o árbitro e esta foi a última grande conquista dentro do Olímpico de uma das maiores gerações de atletas na história do Grêmio. Entre 1997 e 2012, o Grêmio foi Campeão da Copa do Brasil no Maracanã (1997) e no Morumbi (2001).
Daison Sant’Anna
“Uma das características mais marcantes dessa Dupla (Luíz Felipe/Paixão): o pragmatismo era visto mesmo com formações diferentes no time e nesta última conquista de Brasileirão ficou bem evidente.”
O pragmatismo… presente nas conquistas do GRÊMIO. A de se levar isto em consideração.