Grêmio e Copa do Brasil, uma história de amor!
O que torna um clube copeiro? O que faz uma torcida ser apaixonada pelos mata matas? Que magia é essa que faz um time ” virar a chave” quando o jogo é de Copa e o torna temido por isso?
Com certeza é a história vencedora em torneios (sim, torneios, não campeonatos hehehe) desse tipo.
Claro que estou falando do meu Grêmio, e se hoje somos reconhecidos como Reis de copas, respeitados e com uma história vencedora, muito se deve a Copa do Brasil, uma competição com a “cara do Grêmio”.
E essa história começa assim, em 1987, a CBF resolveu diminuir de tamanho o inchado campeonato brasileiro, que ano a ano mudava de fórmula para agregar mais e mais clubes do Brasil. Com isso, os clubes menores ficaram descontentes com a entidade máxima do futebol nacional, pela falta de oportunidade de confronto com grandes equipes do futebol brasileiro.
Foi então que em 1989, inspirada nos moldes da Copa da Inglaterra, Taça de Portugal, Copa do Rei, Copa da Escócia, entre outras, a CBF resolve criar a Copa do Brasil, com vagas definidas pelo desempenho dos clubes nos estaduais, democratizando o futebol de alto nível no país.
Além de ser um campeonato popular (e também populoso hehehe), e praticamente curto,o título dava uma vaga na Libertadores da América, que à época eram apenas duas por país, sendo até então o campeão e o vice do campeonato brasileiro os representantes nacionais.
O ano de 89 não tinha começado bem para o tricolor gaúcho, perdeu a semifinal do brasileiro de 88 (que foi disputada em fevereiro de 89) para o Inter no que ficou conhecido como “Grenal do Século” e por pouco não disputou o octogonal da morte do campeonato gaúcho, chegou na última rodada tendo que vencer o emergente Glória em Vacaria.
O então presidente Paulo Odone, muito pressionado pela torcida, resolveu abrir os cofres trazendo o experiente zagueiro Edinho, o lateral esquerdo Hélcio, o volante gaúcho Jandir e o meia Lino. O Grêmio ganhou do clube da terra da maça por 2 a 1, classificou-se para hexagonal final e ainda levantou o caneco do Gauchão daquele ano.
Foi ai que o tricolor viu, no então novo torneio que surgia, a grande oportunidade de “atalho” para o maior Galardão desportivo das Américas, a Copa Libertadores, e agarrou a oportunidade com unhas e dentes.
Campeão de forma invicta, com 7 vitórias e 2 empates, o tricolor fez uma competição impecável, com direito a goleadas de 6 a 0 no Ibiraçu-ES no Olímpico, um 5 a 0 no Mixto em Cuiabá (o que lhe rendeu uma vitória por W.O. pois o clube mato-grossense não veio jogar a partida de volta) e um emblemático 6 a 1 nas semifinais contra o poderoso Flamengo, após um empate de 2 a 2 no jogo de ida no Maracanã depois de estar perdendo de 2 a 0.
A grande final, marcada para o dia 2 de setembro, foi contra o Sport-PE, após um 0 a 0 em Pernambuco, tudo ficou para o Velho Casarão, empate sem gols decidiria tudo nos pênaltis, empate com gols dava o título ao Sport.
O matreiro treinador gremista Claudio Duarte, armou seu famoso esquema “pega ratão”, e logo aos 9 minutos, a revelação Assis, abriu o marcador para o Grêmio. O 1 a zero dava o título ao tricolor, mas aos 31, em um escanteio despretensioso, a lenda Mazaropi corta errado e faz o gol contra. Agora só a vitória interessava.
Instalou-se a preocupação no mítico estádio, a torcida gritava enlouquecida o nome do lendário goleiro para dar apoio a quem tanto fez por eles, contudo o Sport se fechou e termina empatado o primeiro tempo.
Mas logo aos 5 minutos da etapa final, Alex Stival, o Cuca, faz o 2 a 1 da redenção tricolor, atravessa o campo e cumprimenta o velho Maza, a alma estava lavada.
Agora era só administrar, e foi o que o time fez, final de jogo, 2 a 1, o capitão Edinho levanta a taça do inédito título, o Grêmio é o primeiro campeão da Copa do Brasil.
E o clube da Azenha gostou (e como hehehe) do novo campeonato, tanto que vieram mais 4 títulos, o de 94, encima do Ceará com gol do “exterminado “Nildo, o de 97, calando um incrédulo Maracanã com mais de 90 mil pessoas, de 2001 com um nó tático do então técnico em ascensão Tite sobre o grande Corinthians de Luxemburgo em pleno Morumbi, e o de 2016, jogando o fino contra o Galo mineiro.
Ainda fomos finalistas em 91, 93 e 95.
Em 2002,2003, 2007, 2009 e 2011 o Grêmio não participou da competição, pois na época as equipes que jogavam a Libertadores não jogariam a Copa do Brasil.
Esse campeonato é tão parte da história e de nosso clube, do DNA tricolor, que depois de um longo jejum de 15 anos, foi com a taça do torneio, em 2016, que o tricolor saiu da incomoda fila…ahh, sendo que o último título, o de 2001, também havia sido uma Copa do Brasil.
O futebol é passional, e tudo que envolve paixão e amor divide uma linha tênue com a ira, com a raiva. O Grêmio não vem bem das pernas mesmo, não joga bem há algum tempo, mas tem muita história sim na Copa do Brasil, e isso irá entrar em campo no próximo dia 07 contra o Palmeiras, o velho rival alviverde paulista, aquele mesmo das batalhas épicas dos anos 90.
E toda essa linda história começou no longínquo ano de 89, mais precisamente no dia 2 de setembro, com o primeiro título do até então inédito campeonato, e o primeiro título é como o primeiro amor, a gente não esquece.
Barbela Palmeiro, integrante do Grêmio do Prata.
Estamos atravessando um mal momento mas ainda sim acredito na vitória e no título. Gremista de verdade não se entrega.